Construindo uma coalizão confiável para acelerar a resiliência hídrica urbana na África

Saiba como estamos construindo, junto com a WRI, uma coalizão confiável para acelerar a resiliência hídrica urbana na África.

A África é um dos continentes com maior escassez de água no mundo. Na África Subsaariana, estima-se que 400 milhões de pessoas não tenham acesso a água potável segura e acessível. Desafios como os riscos hídricos causados pelas mudanças climáticas, o crescimento populacional e a rápida urbanização exacerbam esses problemas nas áreas urbanas. A incapacidade de atender à crescente demanda de água levaria a impactos catastróficos nas economias regionais e nas pessoas que vivem nas cidades em crescimento da África.

O World Resources Institute (WRI) é um think tank ambiental global que vai além da pesquisa para colocar ideias em ação, trabalhando com governos, empresas e sociedade civil para construir soluções para desafios ambientais urgentes. O WRI postula que um futuro resiliente à água para a África urbana é possível – e que é necessária uma ampla coalizão de atores dedicados para vislumbrá-lo e realizá-lo. Em julho de 2021, o WRI contratou a Reos Partners para apoiar o desenvolvimento de um grupo de trabalho para catalisar um futuro resiliente à água para a África urbana.

A Fundação da Parceria

Para começar, WRI e Reos identificaram atores de vários níveis de gestão de recursos hídricos – desde aqueles que trabalham no nível regional no desenvolvimento de fontes e com questões de alocação até os que trabalham em nível comunitário em questões de acesso e equidade – e convidaram o grupo a se reunir para compartilhar pensamentos, necessidades e preocupações.

“Ao incorporar as perspectivas e a expertise desses atores, aprimoramos nossa pesquisa”, disse Smita Rawoot, líder de Resiliência Urbana do WRI. “A capacidade de Reos de operar como um árbitro neutro e facilitar conversas que exploram semelhanças e diferenças de pontos de vista foi fundamental para estabelecer um nível excepcional de confiança com os atores de várias partes do continente.”

O processo conseguiu ativar uma ampla gama de atores – incluindo redes de cidades, alianças do setor privado, agências de desenvolvimento, instituições regionais, partes interessadas do governo nacional, ONGs nacionais e internacionais, fundações filantrópicas e muito mais – para se comprometerem a unir esforços e dedicar recursos para avançar resiliência hídrica urbana na África. Os objetivos declarados do grupo incluem:

• Fornecer acesso equitativo à água potável e a preços acessíveis e ao saneamento para todos;
• Proteger as pessoas de choques e estresses relacionados à água; e
• Alinhar os objetivos de desenvolvimento na escala da cidade-região enquanto se adapta continuamente aos contextos locais em mudança e aos riscos climáticos.

Um plano de ação para todo o continente

Com uma parceria confiável estabelecida, os autores identificaram as prioridades estratégicas de seu grupo para a resiliência hídrica urbana, que se concentram na construção de sistemas holísticos e resilientes, enraizados localmente, inclusivos, colaborativos e focados nos mais vulneráveis.
O grupo alcançou amplo consenso em torno da necessidade de desenvolver uma plataforma prática, mas ambiciosa, para coordenar, alinhar, harmonizar e dar escala aos esforços e soluções existentes, garantindo que advocacy e implementação andem de mãos dadas.

Como inspiração para o desenvolvimento dessa plataforma, o WRI convidou três exemplos de plataformas muiltissetoriais para compartilhar suas experiências, o valor gerado e as lições aprendidas numa oficina realizada em fevereiro de 2022. Christel Scholten, diretora da Reos Partners Brasil compartilhou o exemplo da plataforma brasileira de colaboração e inovação, o Colabora Moda Sustentável, junto com mais duas plataformas, o Laboratório de Alimentos da África Austral e a Iniciativa de Restauração de Florestas Africanas.

Nesta oficina, o grupo identificou mudanças de “virada de jogo” que podem ser coordenadas e escaladas, para contribuir para a Agenda Urbana de Resiliência da Água da África, que foi elaborada por meio deste processo consultivo, e para promover uma iniciativa em todo o continente para acelerar resiliência hídrica urbana. A Agenda estabelece uma estrutura compartilhada para ação ambiciosa, responsável e coordenada, garantindo impacto em escala.

O grupo definiu os princípios orientadores da Agenda. Estes incluem que a Agenda deve:

• Atender diretamente, impactar e empoderar os mais vulneráveis;
• Estar embasado em evidências empíricas;
• Ser desenvolvido e implementado no espírito de colaboração conjunta; e
• Ser inclusivo, codesenhado, cocoordenado e liderado por africanos.

O lançamento da Agenda e a identificação dessas “viradas de jogo” posicionarão o grupo para elevar a questão crítica da resiliência hídrica africana na COP27 Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em novembro de 2022.

“Estamos muito empolgados por termos chegado a esse estágio e por haver tanta confiança e energia em torno dessa questão crítica”, disse Rawoot. “Muito do que nós tratamos em nossa última oficina determina  o caminho a seguir em direção à COP27 Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas no final deste ano. Esperamos que o caminho que traçamos desta oficina até a COP27 nos ajude a elevar essa questão, nosso conjunto comum de prioridades e a ação para apoiá-las.”

*A Oficina de Desenho da Operacionalização da Agenda de Resiliência Hídrica Urbana ocorreu em 22 de fevereiro de 2022.