O Instituto Ethos em São Paulo (www.ethos.org.br) trabalha há 10 anos para promover empresas socialmente responsáveis no Brasil e incentivar empresas a se tornarem parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. Seus 900 membros respondem por um faturamento anual de aproximadamente 30% do PIB brasileiro e empregam cerca de 1,2 milhão de pessoas. Podemos dizer que o Ethos contribuiu significativamente para colocar empresas socialmente responsáveis no mapa no Brasil. Entretanto, durante a reflexão de 10 anos do instituto, realizada em 2009, uma observação central foi de que embora muito tenha mudado no pensamento e nas atitudes do setor corporativo, sustentabilidade ainda não se tornou uma parte tão integral de empresas brasileiras a ponto de influenciar decisões importantes. A Reos Partners no Brasil está trabalhando com o Instituto Ethos em um programa inovador de três fases feito para responder a esse desafio.
O programa, chamado GRES (Grupo de Referência Empresarial para Sustentabilidade), busca desenvolver a sustentabilidade nos negócios por meio da inovação, colaboração e desenvolvimento de lideranças. Ele tem como base um trabalho inicial realizado por oito empresas piloto, que em 2008 identificaram temas crítico para os negócios sustentáveis. A primeira fase do processo resultou na formação de dois grupos de trabalho: um focado no desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis, e o segundo no impacto de empresas nas comunidades locais em que atuam.
O GRES está agora em sua segunda fase e os dois grupos de trabalho começaram a tratar de seus respectivos temas. O número de membros do GRES aumentou para incluir 13 grandes empresas brasileiras e internacionais, cada uma das quais convidando dois stakeholders adicionais. Entre os stakeholders convidados estavam organizações que fazem parte da cadeia de valor das empresas, bem como ONGs, instituições internacionais, instituições acadêmicas, governo e comunidades locais afetadas pelas operações da empresa, resultando em uma diversidade de participantes que enriqueceu em muito o processo.
De 26 a 28 de setembro, 60 participantes se reuniram no Rancho Silvestre, em Embu, São Paulo, para o primeiro workshop do GRES. Nesse workshop, eles começaram a construir relações com outros membros do grupo, exercendo suas capacidades de aprender com a mente e o coração abertos, e mapeando seus “objetivos de aprendizado” para o futuro do processo. Em novembro, cada participante se uniu a pelo menos uma de quatro “jornadas de aprendizado” para diferentes destinos e realizou entrevistas de diálogo com outros stakeholders que representavam as vozes ausentes no grupo. Em 26 de novembro, os dois grupos de trabalho se reuniram novamente para um “workshop de síntese” para compartilhar os aprendizados obtidos até então e começar a mapear ligações sistêmicas relacionadas a seus respectivos temas.
No workshop de síntese, os participantes trabalharam para entender os padrões básicos, estruturas e modelos mentais por trás dos desafios que observam no dia a dia, usando a analogia do iceberg. O iceberg é uma ferramenta útil para pensar no sistema. Uma vez que apenas 10% do iceberg fica visível na superfície, se queremos saber a direção em que o iceberg está indo, precisamos entender sua estrutura mais profunda e como ela interage com as correntes marítimas – coisas que não podem ser vistas na superfície. Em um sistema social complexo, esses elementos ocultos, não-superficiais são padrões, estruturas e modelos mentais que influenciam o comportamento do sistema. Quanto mais entendemos esses elementos, mais podemos influenciar a realidade social. Essa ferramenta não pode ser usada de forma eficaz a nível individual, pois depende de uma percepção coletiva. A única maneira de chegar e essa visão comum é por meio de colaboração entre empresas e seus públicos de interesse. Uma representante de um desses stakeholders resumiu seu aprendizado quando, ao final do workshop de síntese do GRES, disse que tinha descoberto seu verdadeiro papel no processo e que “estamos todos aqui por uma razão”.
Em 3 de dezembro, o grupo compartilhou o que havia feito até então e iniciou um diálogo com CEOs e outros líderes de empresas participantes. Em fevereiro, os participantes se reunirão novamente para um retiro de inovação de três dias, onde testarão ideias para soluções sistêmicas, inovadoras e colaborativas. Até o meados de 2010, o grupo pretende implementar essas soluções em parceria com as empresas participantes. Nesse momento, eles irão entrar na terceira fase do projeto – um ano completo de “aprender fazendo” que será concluído em meados de 2011.