Entenda como apoiamos um grupo multissetorial a semear um caminho de desenvolvimento sustentável para um futuro melhor na Zona Norte de São Paulo.
A Zona Norte de São Paulo é um território movimentado e maduro para o desenvolvimento sustentável. Ela abriga o maior terminal rodoviário da cidade e um dos polos de negócios mais importantes da América Latina, o Cidade Center Norte. Fundado em 1984, o Cidade Center Norte é um símbolo de progresso e ascensão social na região. No entanto, na área circundante, um número significativo de pessoas em situação de vulnerabilidade vive na rua em condições extremamente precárias.
A partir de 2019, a liderança da Cidade Center Norte e seu braço filantrópico, o Instituto Center Norte, passaram a organizar uma iniciativa para promover maior estabilidade econômica, social e ambiental na região da Zona Norte. O esforço foi pausado por causa da pandemia de covid, depois retomado em meados de 2021.
"Nos sentimos socialmente responsáveis pelas pessoas vulneráveis do território. Queríamos encontrar uma maneira de entender melhor os problemas que eles estejam enfrentando e entender como poderíamos ajudar.” Karin Srougi, Conselheira da Cidade Center Norte
Guiados pela Reos Partners, Cidade Center Norte, Instituto Centro Norte, Magazine Luiza , Sebrae e a Subprefeitura da Vila Maria e Vila Guilherme se uniram para formar uma aliança convocadora. A aliança mapeou as organizações e atores sociais da Zona Norte e convidou pessoas do ecossistema, representando vozes diversas, a formularem conjuntamente ações colaborativas para melhorar a região.
Para que a iniciativa seguisse adiante, era fundamental descentralizá-la das entidades corporativas e incluir atores sociais de setores diversos – policiais, padres, profissionais de saúde, servidores públicos e líderes de ONGs.
Chamado de Ativa ZN, a Reos Partners continuou apoiando o projeto desenhando e facilitando uma oficina de dois dias em setembro de 2021, reunindo participantes de origens diversas. Os exercícios realizados durante a oficina focaram-se na promoção do diálogo entre os participantes e na quebra das barreiras existentes.
"Esta é a mágica – quando as pessoas chegam a um lugar onde podem confiar e ver umas às outras de forma diferente. Esse é o tipo de solo do qual qualquer coisa boa pode crescer. Sem isso, você não consegue cultivar nada.” Lucas Matarazzo, Reos Partners
Construindo confiança e derrubando barreiras
Compreendendo a ampla gama de origens e pontos de vista dos participantes, a Reos queria garantir que cada pessoa entrasse no projeto com a sensação de que suas vozes seriam valorizadas e ouvidas.
“Antes da oficina, realizamos entrevistas individuais de uma hora com cada um dos participantes. Cada um deles teve a oportunidade de falar de sua própria perspectiva sobre os problemas em questão e expressar o que eles acham que está funcionando e não está”, disse Fernando Rossetti, da Reos Partners.
"Entrar na sala com muitas pessoas que você não conhece, mas já se sentindo ouvido, e sentir que as pessoas que estão facilitando a conversa sabem quem você é – essa foi uma estratégia fundamental para a construção de confiança.”
Em um dos primeiros exercícios do grupo, a equipe da Reos pediu a cada participante que trouxesse um objeto que representasse sua relação com o território. Cada pessoa mostrou seu objeto, compartilhou uma história significativa sobre ele e sua conexão com o território, depois colocou o objeto no centro do círculo.
“Através dessas histórias de conexão com o território, as pessoas viram que tinham algo em comum. Isso os abriu para novas formas de se relacionar”, acrescentou Lucas.
Com a confiança estabelecida, o grupo poderia começar a fazer algum progresso real.
Mapeamento para criar um entendimento compartilhado
Em outro exercício, os participantes trabalharam em um mapa para identificar desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável. Um mapa do território foi colocado na parede e os participantes usaram adesivos para marcar no mapa onde sentiam medo, segurança, felicidade ou tristeza dentro do espaço. O exercício ofereceu uma visão geral de como as pessoas vivenciam o território e direcionou a atenção para as questões mais urgentes do território.
Os participantes utilizaram mapas para identificar desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável na Zona Norte de São Paulo.
“Nossa abordagem não é tentar identificar um objetivo compartilhado desde o início. Em vez disso, pretendemos construir um conceito compartilhado dos desafios e, em seguida, construir protótipos para diferentes formas de lidar com esses desafios”, disse Fernando.
"Todo mundo concorda que há uma enorme população vivendo nas ruas – isso é um problema. Todos concordam que são necessários empregos para as pessoas que vivem no território e que são necessários mais espaços verdes. Ao olhar para esses pontos com os quais todos concordam, podemos começar a conversar juntos sobre soluções específicas.”
"O exercício de mapeamento levou em consideração os pontos de vista de todos os participantes. Começamos a pensar em como poderíamos criar projetos, oportunidades, conexões e soluções. Ao construir algo em conjunto, você não está atribuindo culpa ou focando em quem pode ser responsável por quais problemas. Foi um lembrete de que todos nós pertencemos ao mesmo lugar.” Karin Srougi, Conselheira da Cidade Center Norte
Jornada de aprendizagem para construir pontes entre o que nos divide
Outro exercício unificador do projeto incluiu uma jornada de aprendizagem por uma área da região que se encontra em risco, ocupada por cerca de 700 famílias que vivem em condições precárias. A Reos propôs esta Jornada de Aprendizagem para permitir que os participantes mergulhassem nos desafios da vida real do território, em vez de vivenciar diferentes perspectivas apenas de forma abstrata.
“Há uma rua que divide a Cidade Center Norte do resto do território. É como um muro – um muro que não deveria existir”, disse Karin. “Foi uma experiência muito poderosa visitar este lugar e conversar com as pessoas de lá. Durante esta visita, iniciamos a destruição deste muro. Isso é o começo de algo.”
“Ao longo da jornada de aprendizagem, observamos o que é possível quando você sai da sua bolha e suspende o que divide”, comentou Fernando. “A experiência reuniu as pessoas para perguntar: o que podemos fazer para melhorar isso?”
Ativa ZN — Colaborando para um futuro sustentável
A aliança convocadora reconhece que melhorar a Zona Norte é um projeto de longo prazo.
"O trabalho que fizemos com a Reos foi o primeiro passo crítico de muitos. Embora ainda exista mais a ser feito, os protótipos de projetos desenvolvidos na oficina resultaram em questões, anteriormente ignoradas, sendo abordadas pela liderança local, permitindo algumas melhorias básicas imediatas que foram impactantes para a região e as pessoas.” Daniela Pavan, Diretora do Instituto Center Norte
Nas semanas seguintes à oficina, funcionários municipais responsáveis pelo esgoto e eletricidade entraram em algumas áreas habitadas mais negligenciadas do território. Eles limparam os esgotos e trocaram lâmpadas e postes de luz. Os protótipos dos projetos desenvolvidos também levaram à criação de um fórum local para idosos, uma proposta multissetorial para desenvolver um parque local e uma iniciativa de restauração fluvial para ecologicamente revitalizar o rio e revitalizar a área ribeirinha para melhor uso humano.
Embora essas melhorias iniciais sejam cruciais, o impacto duradouro de criar mais confiança entre os principais atores do território é onde mora a esperança para o desenvolvimento sustentável. Construir a confiança e desenvolver a coesão social encoraja as pessoas a estarem mais dispostas e capazes de colaborar e liderar mudanças duradouras juntas.
"O resultado mais importante é o engajamento e a confiança que criamos com o grupo. Anteriormente, estávamos todos apenas coexistindo no território. Agora nós somos amigos. Estamos conectados no WhatsApp, podemos trocar mensagens. Se alguém precisar de algo, pode entrar em contato conosco diretamente.” Karin Srougi, Conselheira da Cidade Center Norte
"Com essa base de confiança formada, há esperança de um futuro sustentável na Zona Norte de São Paulo”, concluiu Karin.