O guia ‘Moda e Clima: um guia para medição e inventário de Gases de Efeito Estufa’, destinado a orientar os primeiros passos para a redução das emissões de gases de efeito estufa na moda foi lançado no dia 8 de novembro de 2023 no Congresso da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). A publicação é uma iniciativa conjunta da entidade, da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX) e do SENAI CETIQT.
O Guia nasce das ações de capacitação profissional, com seis módulos dirigidos a fabricantes e varejistas, abordando os principais conceitos, instrumentos e protocolos para apoiar as empresas na construção de inventários de gases de efeito estufa emitidos pelo setor.
A mobilização das entidades, visando integrar ferramentas de mensuração e aperfeiçoamento da transparência, é um esforço para democratizar processos e reforçar o propósito do setor brasileiro de se consolidar como um dos mais sustentáveis do mundo.
O Guia tem capítulos específicos para o varejo e a indústria e contém informações sobre os principais instrumentos e protocolos. Também apresenta relatos de experiências e aprendizados para inspirar e servir de base para o início de uma jornada de descarbonização das empresas do setor. Sua produção foi guiada pela equipe de consultoras da Reos Partners Brasil, a partir de uma abordagem sistêmica, experimental e colaborativa, além de ter contado com a contribuição da especialista Juliana Picoli no conteúdo e formatação final pela Cora Design.
Trata-se de ação inédita na moda, servindo também de referência mundial, pois o Brasil é um dos protagonistas globais do setor. Sua cadeia de valor na área é a maior, mais integrada e completa do Ocidente. O Guia, que inclui recomendações de cooperação entre fornecedores e varejistas para mitigar emissões de gases de efeito estufa, está disponível em formato digital (PDF) para download gratuito, visando alcançar o maior número possível de empresas de todos os portes e em diferentes estágios em suas agendas climáticas.
Responsabilidade do setor
A responsabilidade pela redução das emissões de gases de efeito estufa é dos governos, empresas e pessoas. Ao participar em julho do Global Fashion Summit, que debate a agenda mundial de sustentabilidade na moda, a Abit considera este Guia uma importante ferramenta democrática para destacar o protagonismo da moda brasileira. “Não há mais tempo para deixar de lado o planejamento de redução de emissões de GEE. Cada empresa precisa implementar metas de redução e o Guia trará ferramentas e caminhos para efetivar esses objetivos”, declara Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit.
Fazer o levantamento das emissões e relatá-las é o primeiro passo para uma empresa caminhar rumo à descarbonização. A partir daí, ela pode identificar oportunidades de mitigação, rever custos e planejar melhor a eficiência dos recursos.
A ABVTEX, que representa mais de 100 marcas varejistas de moda do País, acredita na moda sustentável e acessível. Por isso, a entidade teve papel decisivo na construção colaborativa do Guia. “Esta ação conjunta é de grande valor pois orienta as empresas na adoção das melhores práticas em relação à proteção ao meio ambiente e redução dos impactos das emissões”, afirma Edmundo Lima, diretor executivo da ABVTEX.
Esses avanços contribuem, ainda, para a imagem pública e o relacionamento com investidores, clientes e consumidores, conforme os preceitos da governança ambiental, social e corporativa (ESG).
“O SENAI CETIQT, na condição de unidade de referência do Sistema CNI SENAI para o Setor Têxtil e de Confecção Nacional, tem como missão a educação profissional, o suporte a modernização tecnológica e a inovação para o futuro do trabalho e da indústria desse setor. Para tanto, tem tomado a sustentabilidade e a economia circular como uma dimensão estratégica de futuro, posicionando-se como parceiro chave de diferentes iniciativas, instituições e empresas, que buscam a otimização dos recursos e a redução dos impactos ambientais derivados dos processos produtivos. O Guia de GEE é fruto de uma dessas iniciativas e constitui-se em uma importante ferramenta para a busca de um futuro regenerativo, sustentável e circular para o setor”, diz Sergio Motta, diretor executivo do SENAI CETIQT.
Considerando o porte e abrangência do setor da moda, a redução das emissões em toda sua cadeia produtiva, no Brasil e no mundo, é uma efetiva contribuição ao planeta, que já sofreu elevação da sua temperatura média em mais de um grau Celsius desde os níveis pré-Revolução Industrial. O Acordo de Paris, com base em estudos, pesquisas e deliberações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estabeleceu limite máximo de aumento de 1,5 grau Celsius.